A miopia do Grupo Globo e de parte do Congresso Nacional



Coluna Daniel Cidade
Palpitando os fatos


A miopia do Grupo Globo e de parte do Congresso Nacional
A queda de parte do status quo
Publicado em 11/11/2019.




Galera, hoje escrevo correndo sob efeito das fortes emoções da Bolívia. Perdoem-me se passar algum atentado à língua! Na minha humilde opinião, a queda de alguns ministros do STF é certa e mera questão de tempo e isso está ligado ao meu texto abaixo. Boa leitura!
É impressionante como parte dos grupos de comunicação – aqui manterei o foco no Grupo Globo para não me alongar – e parte significativa da política nacional – partidos e sua representação no Congresso – não conseguiram assimilar que a democracia mudou, a despeito dos exemplos brasileiros e internacionais recentes de manifestações gestadas nas redes sociais, orgânicas e com pouca dependência de movimentos ditos sociais como porta-vozes e sem passar procuração para ninguém falar pelo povo.

Costumo brincar que é a versão contemporânea (ou 2.0) da República grega. As redes sociais são a praça da República e os perfis dos políticos o parlatório. Graças a uma leitura lúcida disso, Bolsonaro teve como um dos grandes fatores contribuintes de sua eleição o uso inteligente das redes sociais e a interlocução direta. Um fenômeno peculiar de uma eleição mais democrática do que costumava ser, já que a opinião do povo em relação aos políticos está deixando de ter a lente ideológica de cada repórter ou analista político, para ser uma relação direta, via smartphone, desde a favela ao condomínio de luxo.

Grupos de comunicação, partidos políticos e movimentos sociais old school se desesperam a cada vez que as redes – sendo chamadas de gabinete, milícia, robô, MAV, ou qualquer outra denominação que vise sequestrar a liberdade de imprensa e denegrir/calar o divergente – se materializa em carne e osso nas ruas. Alguns pontos sempre estão presentes: pauta com pontos comuns mas aberta a outros, nem que sejam individuais; o atendimento da pauta principal não necessariamente encerra a manifestação; o povo define quem tem legitimidade para subir num carro de som ou não; sabe-se como começam, mas não como terminam.

Temos povo nas ruas atualmente em Hong Kong, oriente médio, França, Bolívia, Chile, ..., Venezuela, Brasil. E a miopia dos grupos de Comunicação e da maioria dos partidos – intencional ou não, não vamos entrar nesse mérito – tem levado a um único fim: derrocada dos que se fazem surdos às vozes das ruas. Até a repressiva e comunista (embora com uma economia quase capitalista) China tem tido seu poder de coerção posto à prova.

Quando, em editorial de 05/11/2019, o Grupo Globo afirma categoricamente que “O presidente Jair Bolsonaro não tem apreço pela imprensa independente e profissional.”, não considera o fato de que ele garante a liberdade de expressão, inclusive a própria, quando questiona o conteúdo das matérias sem, jamais, proibí-las como fez, aliás e via instituição, o ex-advogado do PT e atual ministro do STF Toffoli com a Crusoé. É tão democrático que respeita seu projeto de governo, aumentou a independência do Congresso e valoriza seu papel Legislativo, respeita as decisões do STF e continua dialogando com o povo brasileiro.

Continua, em outro ponto, o Editorial: “O fluxo de informações é livre, absolutamente livre. Em ambientes assim, sobrevivem aqueles que informam com qualidade, acertam bem mais do que erram  (e quando erram reconhecem seus erros) e provam ao público que o que noticiam são fatos.”. E vai mais longe ainda quando afirma que “conta com o respeito e a credibilidade do público.” e, adiante, que “O público, que é o mesmo que vota, sabe julgar”.

Sim, grupo Globo, foi precisa nessas descrições imediatamente acima. O público que votou majoritariamente no presidente Jair Bolsonaro, que apóia a execução de seu projeto de governo aprovado nas urnas, que mostrou sua “credibilidade” aos gritos de “Globo Lixo” na avenida Paulista no último sábado e nas redes sociais e que tem feito sua audiência e tiragem caírem e, consequentemente, o volume financeiro de anúncios. Assim funciona o livre mercado numa democracia, onde podemos decidir o que ler, o que ouvir, o que assistir, o que pensar e o que exprimir de nossas opiniões e crenças.

O Congresso – salvo valorosas e queridas exceções – vai na mesma linha enquanto aumenta o fundão eleitoral, aprova lei das Fake News eleitorais, faz esforço hercúleo para atrapalhar cada projeto do governo endossado nas urnas, gerando até a nossa primazia de ser o único país do mundo cuja população foi para as ruas pedir uma reforma da previdência, normalmente impopular, e que o Congresso atrasou e desidratou o quanto pôde.

STF idem, poucos ministros ainda tem sustentação popular e, em função de ações, omissões e decisões, esta composição tende a ser conhecida como a pior desde a redemocratização e ainda arrasta junto a imagem do Senado, a quem cabe aprovar indicação de ministros e processá-los, mediante denúncias cada vez mais volumosas, nos crimes de responsabilidade.

Chega a ser estranho falar em ética no Congresso depois que o deputado que reiteradas vezes chamou o ministro Sérgio Moro de ladrão foi absolvido por unanimidade na comissão de ética, mas vamos lá: o presidente do Senado, ao fingir surdez e manobrar a pauta com a condescendência de parte do plenário, o Código de Ética e Decoro Parlamentar é claro em elencar dentre os “Deveres Fundamentais do Senador”, em seu artigo 2º, inciso III, “exercer o mandado com dignidade e respeito à coisa pública e à vontade popular”. O da Câmara, em seu artigo 3º, inciso IV, além do disposto no do Senado, inclui agir “com boa-fé, zelo e probidade”.

São – ou querem ser – míopes ainda para o nítido pedido por transparência e contenção de gastos, em prática no Poder Executivo em contraste com os demais poderes. Queremos transparência inclusive do que os partidos fazem com nosso dinheiro via fundo partidário.


Para finalizar, gostaria que todos que leiam a coluna tenham claro que o parágrafo único do Art. 1º da Constituição ainda está vigente: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.”. Nenhuma reinterpretação de qualquer outro artigo invalida isso. Ministros têm cargos por nomeação; parlamentares são nossos representantes. Exigirá que nos representem ou continuará achando que o Exército ou o Presidente da República tem que fazer o seu papel por você?
Acho que a roda já começou a girar e não vai parar: via impeachment ou renúncia, vai acontecer. Só depende de nós. Os mesmos que elegemos o Presidente Bolsonaro para manter a democracia e consertar o país, mesmo sendo chamados dos piores adjetivos e com o Grupo Globo claramente contra sua eleição. E os acontecimentos na Bolívia aumentam minha esperança nisso.



Acreditemos e ajamos! 


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