A saga do impeachment fabricado



Coluna Jucilene Fuller
Não iremos nos calar



A saga do impeachment fabricado
Publicado em 10/01/2020.





...Outra coisa, há muita conversa sobre o filho de Biden, que Biden interrompeu a acusação e muitas pessoas querem saber o que aconteceu, então, o que você puder fazer nesse sentido  com o procurador-geral seria ótimo. Biden se gabou de ter parado a promotoria, então se você puder investigar...

Suborno?  uso de poder para obter informações? Não vejo nada disso na conversa acima, mas foi tudo que o Presidente Trump falou e que levou Nancy Pelosi (Líder dos Democratas na Câmara) a entrar com um pedido de impeachment contra o presidente, que foi acatado pelos deputados no dia 18 de dezembro. Trump foi o terceiro presidente a sofrer processo de impeachment na história dos EUA. Ao contrário dos outros dois Presidentes (Clinton e Johnson) que foram alvo de processos de impeachment por quebrar leis especificas, Donald Trump está sendo acusado por abuso de poder e obstrução do Congresso- o que torna seu caso único, fraco e falho.

54% dos deputados votaram pelo impeachment, todos Democratas, nenhum único Republicano. Era esperado que o Trump tivesse seu impeachment aprovado na Câmara desde quando a Pelosi iniciou o processo em setembro, caracterizando assim um impeachment totalmente partidário.

Na noite do dia que seu processo de impeachment estava sendo votado na Câmara, Trump falou ao vivo para milhares de pessoas na tradicional Campanha de Natal, em Battle Creek, MI. Logo na abertura de seu discurso ele diz em tom irônico: “Nem parece que estou sendo impeachado, o país nunca esteve melhor, nós não fizemos nada de errado e temos um incrível apoio do Partido Republicano, como nunca tivemos antes”.

Para que o Trump seja afastado de suas funções como presidente, o impeachment deve ser julgado no Senado. Para ser aprovado, 2/3 dos senadores teriam que votar a favor, ou seja, pelo menos 20 senadores Republicanos teriam que votar com os Democratas. As chances disto acontecer são praticamente zero.

Logo após a aprovação do impeachment na Câmara, perguntei a alguns amigos americanos o que viria a seguir, as respostas eram bem similares, tipo “não sei, os Democratas mudam as regras do jogo a todo tempo”.

Quatro possibilidades foram mencionadas:

- Pelosi segurar o impeachment na Câmara e esperar pelas eleições deste ano, em novembro, na esperança dos Democratas obterem mais cadeiras no senado.

- O Senado aceitar as condições de Pelosi e convocar as testemunhas John Bolton (ex-Consultor de Segurança Nacional) e Mick Mulvaney (Chefe de Gabinete). O que é bem hipócrita da parte dela exigir isso, já que a Câmara foi adiante com o impeachment sem esperar para ouvir estas testemunhas. 

- O senador Mitch McConnell (Líder dos Republicanos no Senado) seguir com o processo de impeachment ao seu modo. Que seria organizar um julgamento aos modos do que aconteceu em 1999 quando o Clinton foi Impeachado que duraria no máximo duas semanas - seriam ouvidas as pessoas indicadas pela Pelosi, depois o presidente argumentaria porque o impeachment é falho, e então os senadores decidiriam sobre chamar testemunhas ou não. Um julgamento acelerado, que terminaria em pizza, levando os americanos a entenderem que todo o processo foi uma perda de tempo e mau uso do dinheiro público.

-Pelosi e McConnel acordarem sobre questões menos importantes, deixando as questões maiores para serem resolvidas depois que o julgamento do impeachment já estivesse em andamento.

Na última sexta-feira, 3 de janeiro, mesmo com as atenções voltadas aos acontecimentos EUA/Irã, a saga do impeachment continuou. Senador McConnell afirmou que não aceitará as condições de Pelosi, que até ela enviar os artigos de impeachment ao Senado, a casa continuaria com os trabalhos ordinários normalmente.

Mas paciência não é para todos e, no domingo (05/01) em uma entrevista a Fox News, o senador Lindsey Graham (R-SC) disse que querem ter esse impeachment julgado até o final de janeiro e que a Pelosi não usará as regras do Senado para fazer o jogo político dela. Ele afirma: “não fui eu quem pediu o impeachment, foi ela, portanto ela tem até o final desta semana para enviar ao Senado os artigos do impeachment, caso contrário tomaremos controle da questão com nossas próprias mãos”. O que o senador quer dizer, é que o tempo dela acabou e, se for o caso, os senadores dentro de dias podem mudar a regra da casa e começar o julgamento do impeachment sem que a Pelosi envie o processo para o Senado.

Muita coisa ainda acontecerá nesse jogo de tronos da vida real mas, até onde podemos ver, a Pelosi tem um caso ruim, os artigos do impeacheament não têm base para impeachar o presidente e ela está contando com uma virada dos Democratas no Senado em uma futura eleição, sendo que o seu próprio mandato só vai até o fim deste ano.

A saga continua...

Abraços.


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