Dia 1 - Definição das regras do julgamento
Coluna Jucilene Fuller
Não iremos nos calar
A saga do impeachment fabricado
Agora é com o Senado
Agora é com o Senado
Atualizado em 26/01/2020.
Dia 1 do julgamento (21/01/2020)
Definição das regras
Definição das regras
No centro, no nível mais alto da sala, encontrava-se o Juiz John
Roberts, Presidente da Suprema Corte Americana, este que sempre fez questão de
distanciar suas decisões jurídicas das questões partidárias, aqui estava, no
olho do furacão. Do lado direito, a equipe e advogados defensores do Presidente
Trump, liderados pelo advogado Pat Cipollone. Do esquerdo, representantes e
advogados da Câmara de deputados, liderados pelo deputado Adam Schiff ( D-CA).
O dia 1 do julgamento determinaria as regras de como seria conduzido o
julgamento no senado. E para ter essa meta alcançada os senadores e demais
participantes trabalharam por quase 13 horas seguidas, com alguns intervalos rápidos,
uma dieta a agua e leite, nenhuma conversa entre os participantes e nada de eletrônicos.
Foram votadas 11 emendas propostas pelo líder da minoria, Sen. Schumer,
todas rejeitadas com resultados claramente partidários, de 53 contra e 47 a
favor. A maioria das emendas propostas diziam
respeito a intimar testemunhas para serem ouvidas, e os democratas fizeram isso
a moda “criança chata”, propondo um nome, que foi recusado, depois um outro
nome, recusado novamente e assim foi por horas, até que o adv. Cipollone disse
que se fossem continuar neste ritmo, ficariam ali pra sempre, fazendo os
senadores rirem.
Os democratas então fizeram a alegação de sua emenda final, que seria
ter o Juiz Roberts decidindo se seriam ouvida testemunhas ou não. Foi nesta alegação,
já passando da meia noite que os ânimos se alteraram. Não sei se por cansaço ou
desespero mesmo, o representante dos DEMs, Dep. Nadler (D-NY) bate forte no púlpito
e diz que só culpados escondem evidências e os senadores dos EUA devem se
sentir envergonhados por estarem encobrindo o presidente Trump e que, assim
como o presidente, os senadores estavam sendo julgados pelo povo americano. Quando
chega a hora do time Trump falar, adv. Cipollone é afiado, dizendo que o único
que deve se sentir envergonhado é o sr. Nadler por fazer falsas acusações e ainda tratar de
forma desrespeitosa o senado dos EUA. Um outro adv. do time Trump, sr. Sekulow,
complementa “se é culpado aquele que esconde evidências, então quando o
presidente Obama instruiu seu adv. a não passar informações, é porque ele era
culpado. É assim que o Sr. Nadler vê a Constituição dos EUA?”.
Diante dos ânimos alterados, o juiz Roberts se impõe: “ acredito que este é o momento apropriado de
lembrar a ambas as partes que estão diante do maior órgão deliberativo do
mundo, e um dos motivos que conquistaram este título é porque seus membros
evitam falar de uma maneira e usar uma linguagem que não seja propicia ao
discurso civil”.
A proposta de ter o juiz Roberts decidindo sobre chamar evidencias foi
recusada, como esperado, por 53 a 47, e a proposta do líder da maioria Sen.
McConnell de que só após as argumentações iniciais é que os senadores devem
votar se querem ouvir testemunhas ou não, foi aprovada com o mesmo resultado,
53 a 47.
Apesar de achar que quanto mais esse julgamento se prolongar, pior será
pra todos, já que o resultado final é sabido, eu acredito que os senadores decidirão
por ouvir testemunhas, pois quatro dos senadores republicanos (Mitt Romney -
Utah, Susan Colins-Maine, Lisa Murkowski- Alaska e Ted Cruz- Texas) já deram a
entender que podem votar a favor de ouvir testemunhas.
Neste primeiro dia, ficou decidido também que as argumentações iniciais durariam
três dias, de 22 a 24/01.
Muita calma nessas horas, amigos, o jogo ainda está na metade e sem direito a intervalo... muita coisa ainda pode acontecer.